Droga elimina
câncer de pulmão em ratos; testes serão feitos em humanos
Os estudos iniciais, com uma droga
precursora chamada OTS514, indicaram que ela é eficaz para matar
as células cancerígenas, apesar de causar efeitos colaterais
Publicado em: 23/10/2014
Fonte:
http://www.correiobraziliense.com.br/ > Bruna Sensêve
Uma pequena proteína, mas com efeito
devastador. Em ação, a TOPK promove o crescimento de tumores em
tecidos humanos, especialmente aqueles considerados muito
agressivos. Quanto maior for a quantidade dessa molécula, menor a
sobrevida do paciente.
Dedicada a cortar de vez o potencial destrutivo dela, uma equipe de
cientistas liderada por Yusuke Nakamura, do Departamento de Medicina
da Universidade de Chicago (EUA), parece ter encontrado uma feroz
combatente da TOPK: a OTS964. Os experimentos, ainda em animais,
foram relatados na edição de hoje da revista científica Science
Translational Medicine.
A TOPK está expressa de maneira mais evidente no tecido tumoral que
no saudável, especialmente em casos de câncer de mama triplo
negativo e de pulmão — ambos muito agressivos. O primeiro representa
20% de todos os tipos de câncer, e não há uma droga alvo ou
equipamento específico para tratá-lo. Por esse motivo, as pacientes
são submetidas a uma quimioterapia convencional. Segundo Nakamura, o
maior desafio foi escolher as substâncias que seriam testadas. “Nós
selecionamos 300 mil compostos inicialmente. Depois, sintetizamos
mais de mil e encontrei alguns que estavam propensos a trabalhar em
seres humanos. Estamos focados no mais eficaz. Agora, achamos que
temos algo muito promissor.”
Os estudos iniciais, com uma droga precursora chamada OTS514,
indicaram que ela é eficaz para matar as células cancerígenas, mas
causa efeitos colaterais. O principal deles é a interferência no
processo de hematopoiese — a diferenciação das células do sangue.
Nos testes, houve um aumento na produção de plaquetas que pode
resultar em maior ocorrência de trombose. Ao mesmo tempo, ocorreu
uma queda na produção de leucócito, aumentando as chances de
leucopenia, uma diminuição das defesas do organismo devido ao menor
volume de glóbulos brancos.
Esses problemas, a princípio, puderam ser superados com o uso de um
lipossoma para envolver a medicação e entregá-la com mais segurança
às células. Trata-se de pequenas bolsas redondas formadas por
camadas duplas de fosfolipídios, consideradas as mais comuns dos
vetores de transporte não virais de genes. A abordagem foi chamada
pelos pesquisadores de “eliminação completa da toxicidade
hematopoiética” e, com ela, eles chegaram à versão final da droga: a
OTS964.
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